KellyDiasM.


Temos amor a nossa revolução
Nós, pobres, vestidos de trapos
Unidos na Guerra dos Farrapos
Batalha de suor e emoção
A vitória veio até nós, orgulhosamente.

Nosso descanso no Rio Grande do Sul
Terra bonita e iluminada de manto azul
Através dos vidros da janela, avisto-te ser apaixonante
Aprecio-te, alma traçada por este frio cortante.

Neutralizo a fera adormecida
Esta fera se despertada marca-lhe, sangra de tantas feridas
Mas ama como própria fera dita
Alérgica a mentiras
Amor este que o mundo não é capaz de frear
Pois bem, do que sabem do meu jeito de amar ?

Sonho com meu másculo marinheiro, aqui
Ansiosamente espero o presidente Bento
Saber como estão em Piratini
Antes que meus nervos transborde sentimento

Como personagem principal do enredo
Pela Argentina e Itália és um mulherengo
Um italiano aventureiro
Bom homem e corajoso

Ao segurar minhas mãos, olho para meus sapatos
A dança do caranguejo
Logo após, a alegria de meia-canha
Teu lenço é chamativo a bailar
Rápido, antes que Bento Gonçalves deseje pernoitar

O mesmo despede-se de ti e teus companheiros
Foi-se por esta noite, meu másculo aventureiro
Por fama, não caso com meu homem
Por soar de palavras de cada ser incapaz
Incapaz de enxergar além da capa

Não contenho minhas lágrimas, tranco-me chorando
Olheiras de quem não tem dormido
Don'Ana tem dó, sabe que não terás um dia tranquilo
A própria, para mim mentindo

Garibaldi não contem teu sentimento
Quanta tristeza os traçalha neste momento
Garibaldi, nos amamos marinheiro meu
Sei que o teu pertence-me
Concedo meu coração, digo-lhe

Este infinito sentimento nunca ficará nu
Ao canto, vejo meu amigo apaixonado, o Matru
A todo momento, o italiano sente o espiríto de tua amada.

Gestos suaves. Voz tua, doce melodia
Que só a lembrança, arrepia
Quanta saudade!

Enquanto o homem traçava mapas e planos
A solidão de Manoela estava alarmante
Passavas dias e noites trancada, sob a luz do sol ou lua minguante - ou não.

A mãe atrás da porta, só ouvia a filha chorando
Deixar transparecer engano, Don'Ana diz que com o tempo vai passando
Tal amor Manoela levaria até a morte

Sentada na portaria, com seu vestido de fina estampa
Olhos perdidos, esperançosos a distância da pampa
Ao esperar do amado.

O pouco sol revela os fios brancos de tristeza
Deixando a mostra a pele pálida e o descuido da estonteante beleza
Sentia a forte presença, a miragem, canta uma canção
Fantasma da paixão.

Trabalho duro do pobre italiano
Em seu cansaço, conseguia logo dormir
Vem a imagem de sua querida
Amor além da vida.
No ruído dos bichos, escutava a única voz
A única voz desejada naquele momento.

Anos depois, já velho escrevia
Ainda crendo no que disseram, a mentira
Escrevia sobre a belíssima filha do Continente
Apesar de tudo, ainda deixava o coração contente.

Fantasma. Carne e osso presente era Anita
Que na verdade, chamava-se Ana Maria
Mãe de seus três filhos e companheira
Mas não suficiente para tirar da mente a gaúcha Julieta.

Todas morreram, Antônia, Don'Ana, Ana, menos Manoela
Por muito tempo viveu de lembranças e tristezas
Imagem do rapaz de porte altivo
Perdeu-se com o tempo
Para mim, saiu do centro das atenções
Amor como este, jamais perdido

Já na idade adulta
Cumprimentava ainda os fantasmas
Clamava apenas por um homem
O único entre tantos
De tanto chorar, mesmo com vontade de derramar
Já não tinha lágrimas, de tanto lagrimar.

Ouviu do vento, o som prazeiroso dos marinheiros e das águas
Por toda vida amou um só galã.
No dia seguinte, o jornal dizia " Morreu a noiva de Garibaldi "

A voz distante trazida pelo leque os ventos, de coração partido, dizia:
"Tu, que foste destinada a ser mulher de outro homem. "

Kelly Dias M.

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